quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Às vezes sinto falta das colisões. Coisas de um passado conturbado, de um coração mal amado. Sinto falta das discussões, das saídas abruptas e regressos impetuosos, das reconciliações. Sinto falta da intensidade desmesurada.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Fica sempre mais um pouco.
Não precisamos de muito, apenas da eternidade do próximo segundo. 

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

«Eu e o meu ar atrevido, tu e o teu ar de bandido
Mas o fruto proibido é sempre o mais apetecido.
Vês? Afinal tinha razão.
Quando a cabeça não funciona quem paga é o coração»

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Sinto o teu corpo junto ao meu, num transe quase induzido, e ouço o teu coração viciado bater descontroladamente. E eu sei que ele me ama, ama-me a cada batimento ressacado. Restos mortais do que nunca foi. Nunca fomos nada, talvez tenhamos sido tudo. E ele bate, continua sempre a bater. E esqueço-me do meu, sempre me esqueci dele quando estava contigo. Acho que foi por isso que ele ficou tão arranhado, caía e eu nem reparava e quando o pisavas eu nem o sentia. Sentia apenas a tua mão na minha cintura, a queimar, a queimar. A queimar-me as resistências, as dúvidas, os princípios. Tudo ardia. Ainda hoje não sei se és fogo ou apenas piromaníaco. 

Psicopata emocional, esquizofrénico sentimental. Não te bastava teres-me por completo, precisavas de me desmontar, de me desconstruir, de compreender onde eu encaixava nesse teu puzzle mental. Precisavas de saber que não seríamos apenas mais uma daquelas noites nostálgicas, que nunca são boas na manhã seguinte, que são sempre melhor em memórias ilusórias. Precisavas de ter a certeza que eu seria mais do que um mero passaporte para o céu temporário de onde acabarias por cair, ou pior, apenas mais uma típica história de amor. Precisavas de me matar para depois me salvares. Não podias simplesmente quebrar-me como todos os anteriores, tinhas de me roubar a respiração e garantir que serias sempre o meu oxigénio. Nunca desejaste o meu amor tão desesperadamente como a minha necessidade de ti. 

Sinto o teu corpo junto ao meu, vulnerável e despido. E penso que para assassino te pareces demasiado com um anjo - quase inocente, completamente meu. No fundo ambos sabemos que vou sempre amar-te, mesmo que me assombres os sonhos e me apunhales só para teres o prazer de me salvar.
Quem acha o sexo um tema ordinário, nunca fez amor.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

   Tu és o meu fel, o meu vício, a minha morte. És a minha demência, o mal para todas as minhas curas, a destruição de todos os meus castelos de cristal. O ladrão da minha inocência. És o desejo cego e violento que me rasga as roupas e se afoga na minha boca. 
   Puxas-me para perto porque faz frio fora de ti, puxas-me para ti e beijas-me o pescoço, a clavícula, a alma. Fazes-me tua para depois me deixares esgotada e despida nos lençóis pecaminosos do amor que nunca nasceu. O amor que assassinámos repetidamente com beijos e orgasmos. 
   És assassino sem vítima e vais ensaiando comigo - os teus dedos a pressionar-me as costelas, a tua respiração a violar-me os sentidos e os teus lábios ávidos e desesperados a percorrerem o meu corpo. 
   És a minha droga e eu preciso sempre de mais uma dose. Sempre mais. Até um dia não sobrar mais nada. 

domingo, 29 de janeiro de 2012

Deixei o coração na mesinha de cabeceira, não precisava dele para me perder contigo nesses lençóis de cetim onde és deus omnipotente, e não quis correr o risco de o manchar com o vinho que bebemos descuidadamente. Faz-me tua e deixa que a música nos viole a alma e conduza o movimento dos nossos corpos submissos.
Entrego-me a ti e deixo que me completes num momento êxtase em que atingimos o clímax em uníssono, enquanto deixamos os sentimentos esquecidos na gaveta ao nosso lado. E no fim, antes de adormecer, só te peço que me chames de amor - só para limpar a minha alma manchada de suor e vinho derramado.